Medicamento de Alto Custo: Como Conseguir na Justiça

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Introdução

O acesso a medicamentos de alto custo é um direito garantido aos pacientes que necessitam de tratamentos indispensáveis para sua saúde. No entanto, muitas vezes, planos de saúde, o SUS e seguradoras negam a cobertura desses medicamentos, deixando o paciente sem alternativas imediatas. Quando isso ocorre, recorrer à Justiça pode ser a única forma de garantir o tratamento adequado.

Este artigo explicará em detalhes como funciona o processo para conseguir um medicamento de alto custo na Justiça, quais são os critérios para solicitação, quais documentos são necessários e quais decisões judiciais recentes favorecem os pacientes. Além disso, abordaremos alternativas antes da via judicial, estratégias administrativas e um guia prático para aumentar as chances de êxito na solicitação.

O Que São Medicamentos de Alto Custo?

Medicamentos de alto custo são aqueles que possuem um valor elevado e, muitas vezes, não estão disponíveis na rede pública de saúde ou não são cobertos por planos privados. O alto custo pode ser justificado por diversos fatores, como:

  • Tecnologia avançada na composição do medicamento;
  • Exclusividade no mercado devido a patentes;
  • Necessidade de produção especializada;
  • Uso contínuo e prolongado pelo paciente.

Alguns exemplos de medicamentos de alto custo frequentemente solicitados na Justiça são imunobiológicos, quimioterápicos orais e medicamentos para doenças raras.

Quando a Justiça Pode Garantir Medicamentos de Alto Custo?

Os tribunais brasileiros têm reconhecido que a recusa de medicamentos essenciais pode comprometer a saúde e a vida do paciente, o que viola princípios fundamentais da Constituição. Assim, é possível obter o medicamento por meio de ação judicial quando:

  • O medicamento é essencial para o tratamento e não pode ser substituído por outro;
  • O paciente não tem condições financeiras para arcar com o custo;
  • O medicamento está registrado na Anvisa (exceto em casos excepcionais onde há justificativa médica robusta);
  • O plano de saúde, SUS ou seguradora negou administrativamente a cobertura;
  • Há prescrição médica detalhada justificando a necessidade do medicamento;
  • Não há alternativa terapêutica eficaz disponível na rede pública.

Alternativas Antes de Recorrer à Justiça

Antes de entrar com uma ação judicial, o paciente pode tentar alternativas administrativas que, em alguns casos, são mais rápidas e eficazes:

1. Pedido Administrativo à Operadora ou SUS

Se o medicamento foi negado, o primeiro passo é registrar um pedido formal diretamente com a operadora do plano de saúde ou na unidade do SUS. Esse pedido deve ser acompanhado de:

  • Laudo médico detalhado;
  • Justificativa sobre a necessidade do medicamento;
  • Comprovação da ausência de alternativa eficaz.

Se o pedido for negado, é importante solicitar uma negativa formal por escrito, pois isso será essencial para uma futura ação judicial.

2. Reclamação na ANS ou no Ministério da Saúde

Pacientes podem registrar reclamações na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) contra planos de saúde que negam tratamentos essenciais. No caso do SUS, o pedido pode ser reforçado por meio de contato com o Ministério da Saúde.

3. Notificação Extrajudicial

Caso o pedido administrativo seja negado, o advogado pode enviar uma notificação extrajudicial à operadora ou ao SUS, reforçando o direito do paciente e alertando sobre a possibilidade de ação judicial.

Como Entrar com uma Ação Judicial para Conseguir Medicamentos?

Se todas as alternativas administrativas falharem ou o caso demandar urgência, a ação judicial pode ser a solução mais eficaz. O processo envolve algumas etapas fundamentais:

1. Reunir Documentos Essenciais

Para entrar com a ação, é necessário apresentar documentos que comprovem a necessidade do medicamento e a negativa da operadora. São eles:

  • Relatório médico detalhado justificando a prescrição;
  • Receita médica com posologia e tempo de tratamento;
  • Orçamentos do medicamento em diferentes farmácias (caso não seja fornecido pelo plano de saúde ou SUS);
  • Carteira do plano de saúde (se for o caso);
  • Negativa formal da operadora ou SUS;
  • Comprovantes de renda, caso seja necessário demonstrar impossibilidade financeira de arcar com os custos.

2. Procurar um Advogado Especializado

Um advogado especializado em direito da saúde pode orientar sobre o melhor caminho para a ação judicial. O pedido pode ser feito por meio de uma ação ordinária ou uma tutela de urgência, quando há risco imediato à saúde do paciente.

3. Solicitar uma Decisão Liminar

Em muitos casos, é possível obter uma decisão liminar, que obriga o plano de saúde, SUS ou seguradora a fornecer o medicamento de imediato, antes mesmo do julgamento final. Isso é crucial para pacientes que não podem esperar pelo desfecho da ação.

4. Acompanhar a Ação Judicial

Após a solicitação da liminar, a operadora ou o SUS poderão recorrer, mas os tribunais têm se manifestado favoravelmente aos pacientes, garantindo o fornecimento do medicamento quando há comprovação da necessidade.

Jurisprudência: Decisões Judiciais a Favor dos Pacientes

Os tribunais brasileiros têm consolidado o entendimento de que planos de saúde e o SUS não podem negar arbitrariamente medicamentos essenciais. Algumas decisões recentes:

  • Planos de Saúde: A Justiça tem determinado que medicamentos prescritos por médicos devem ser fornecidos, independentemente do rol da ANS, desde que sejam necessários para a saúde do paciente.
  • SUS: O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o SUS pode ser obrigado a fornecer medicamentos de alto custo, desde que preenchidos alguns critérios, como registro na Anvisa e comprovação de necessidade.

O Que Fazer se a Liminar for Negada?

Caso a liminar seja negada, ainda é possível recorrer ao tribunal da sua região ou ao STJ. 

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quanto tempo demora uma ação judicial para conseguir um medicamento?
Depende do caso, mas decisões liminares podem ser concedidas em poucos dias.

2. Se o medicamento não estiver no rol da ANS, o plano pode negar?
Não necessariamente. A Justiça tem decidido que o rol da ANS não pode limitar tratamentos essenciais.

3. É possível pedir indenização por danos morais?
Sim, se houver negativa injustificada e prejuízos significativos ao paciente.

Conclusão

O acesso a medicamentos de alto custo é um direito fundamental, e a Justiça tem sido um caminho viável para garantir esse direito quando há recusa por parte dos planos de saúde, do SUS ou seguradoras. A orientação jurídica adequada e a documentação correta aumentam as chances de sucesso na ação.

Se você precisa de um medicamento essencial e teve sua solicitação negada, procure um advogado especializado em direito da saúde para avaliar as medidas cabíveis.

 

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Dra. Klícia Garcia

Advogada registrada sob OAB/MG nº. 101.367. Com mais de 20 anos de experiência.
Pós-Graduada em Direito Médico, Odontológico e da Saúde pelo Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos-IPEBJ (2018).

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