Guia Completo para Reembolso de Tratamentos de Autismo Negados por Planos de Saúde

Página inicial / Direito do Autista / Guia Completo para Reembolso de Tratamentos de Autismo Negados por Planos de Saúde

Menu do Conteúdo

Tem dúvidas sobre seu caso?

Fale agora com um escritório  especialista em Direito da Saúde e receba orientação personalizada.

Introdução

O tratamento para crianças e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é essencial para o desenvolvimento e qualidade de vida do paciente. No entanto, muitos planos de saúde negam a cobertura integral dessas terapias ou impõem limites abusivos, fazendo com que as famílias arquem com os custos do próprio bolso. Quando isso ocorre, é possível solicitar o reembolso desses valores, seja por meio administrativo ou judicial.

Este artigo explica em detalhes como conseguir o reembolso de tratamentos para autismo negados pelo plano de saúde, quais são os documentos necessários, quais leis protegem o paciente e como recorrer à Justiça caso a operadora não reembolse os valores devidos.

O Que Diz a Lei Sobre o Reembolso de Tratamentos para Autismo?

A cobertura de terapias para autismo é garantida por diversas leis e regulamentações:

  • Lei 12.764/2012 – Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA: Garante o acesso integral à saúde para pessoas com autismo.
  • Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência: Assegura o direito ao tratamento adequado e sem discriminação.
  • Resolução 469/2021 da ANS: Obriga os planos de saúde a cobrirem tratamentos multidisciplinares para TEA, incluindo ABA (Análise do Comportamento Aplicada), fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia.

Se o plano de saúde nega a cobertura ou limita a quantidade de sessões, é possível buscar o reembolso pelos valores pagos.

Quando o Plano de Saúde Deve Reembolsar o Tratamento?

Os planos de saúde devem realizar o reembolso nos seguintes casos:

  1. Negativa indevida de cobertura: Quando a operadora nega o tratamento sob alegação de que ele não está no rol da ANS ou que não há previsão contratual.
  2. Limitação de sessões: Se há prescrição médica para um número maior de sessões do que o plano permite, é possível pedir reembolso das sessões excedentes.
  3. Rede credenciada inexistente ou insuficiente: Caso o plano não ofereça profissionais especializados em sua rede credenciada, o paciente pode buscar o atendimento particular e solicitar o reembolso.
  4. Demora na autorização: Se o plano de saúde demora a aprovar a cobertura, o paciente pode arcar com os custos e depois pedir reembolso.

Como Solicitar o Reembolso de Tratamentos para Autismo?

O pedido de reembolso pode ser feito de forma administrativa ou judicial. Confira os passos:

1. Reunir a Documentação Necessária

Para aumentar as chances de sucesso no pedido de reembolso, é essencial reunir a seguinte documentação:

  • Prescrição médica detalhada, com indicação da necessidade do tratamento e a quantidade de sessões recomendadas;
  • Nota fiscal ou recibo dos pagamentos feitos às clínicas e profissionais de saúde;
  • Laudos médicos e relatórios terapêuticos, que reforcem a importância do tratamento;
  • Negativa formal do plano de saúde, caso tenha ocorrido;
  • Comprovante de tentativa de agendamento na rede credenciada, se for o caso.

2. Solicitar o Reembolso Diretamente ao Plano de Saúde

Após reunir toda a documentação, o próximo passo é enviar um pedido formal à operadora de saúde solicitando o reembolso dos valores pagos. Esse pedido pode ser feito por e-mail, carta registrada ou pelo canal de atendimento do plano.

O prazo para resposta varia conforme o contrato, mas a ANS determina que os planos de saúde devem responder em até 30 dias.

Se o reembolso for negado ou pago em valor inferior ao devido, é possível recorrer à ANS, ao Procon ou à Justiça.

Como Recorrer Judicialmente Para Garantir o Reembolso?

Se o plano de saúde não reembolsar os valores pagos, o paciente pode ingressar com uma ação judicial para exigir o pagamento integral dos custos. O processo pode incluir um pedido de liminar, para garantir que os reembolsos sejam feitos rapidamente.

1. Contratar um Advogado Especializado

Para aumentar as chances de êxito, é recomendável contar com um advogado especialista em direito da saúde. Ele poderá analisar o caso e ingressar com a ação correta contra o plano de saúde.

2. Apresentar Documentação Completa

Todos os documentos reunidos anteriormente devem ser apresentados à Justiça, provando que o tratamento era essencial e que a negativa de cobertura foi indevida.

3. Solicitar Danos Morais (Se Aplicável)

Em casos de negativas abusivas, o juiz pode determinar que o plano de saúde pague indenização por danos morais, especialmente se a recusa causou agravamento da condição do paciente.

Jurisprudência: Decisões Favoráveis aos Pacientes

Os tribunais brasileiros têm decidido a favor dos pacientes que precisam de reembolso para tratamentos de autismo. Algumas decisões recentes incluem:

  • Plano de saúde foi condenado a reembolsar integralmente sessões de terapia negadas, pois a limitação imposta contrariava a prescrição médica.
  • Justiça determinou reembolso de valores pagos por ABA e fonoaudiologia, considerando que o tratamento era essencial para o desenvolvimento do paciente com TEA.
  • Operadora de saúde foi condenada a pagar danos morais, pois a negativa de cobertura prejudicou o tratamento de uma criança autista.

Perguntas Frequentes

1. Todos os planos de saúde devem cobrir tratamento para autismo?
Sim. A ANS determinou a cobertura obrigatória de terapias para TEA, sem limite de sessões.

2. Quanto tempo leva para conseguir o reembolso na Justiça?
Depende do caso, mas ações com pedido de liminar podem garantir o pagamento em poucos meses.

3. E se o plano de saúde oferecer um profissional credenciado longe da minha cidade?
Se não houver rede credenciada próxima, o plano deve cobrir tratamento particular e reembolsar integralmente os custos.

4. O plano pode reembolsar apenas parte do valor?
Se o contrato prever um percentual fixo de reembolso, a operadora pode pagar apenas uma parte. No entanto, se a negativa de cobertura foi abusiva, o reembolso integral pode ser exigido na Justiça.

Conclusão

Se um plano de saúde nega ou limita o tratamento para autismo, os responsáveis pelo paciente têm o direito de solicitar o reembolso dos valores pagos. O pedido pode ser feito administrativamente, mas, se houver negativa, é possível recorrer à Justiça para garantir o pagamento e até mesmo obter indenização por danos morais.

Se você está enfrentando dificuldades para obter o reembolso de terapias para autismo, consulte um advogado especializado para avaliar as medidas cabíveis e garantir os direitos do paciente.

Compartilhe esse post com quem precisa:


Dra. Klícia Garcia

Advogada registrada sob OAB/MG nº. 101.367. Com mais de 20 anos de experiência.
Pós-Graduada em Direito Médico, Odontológico e da Saúde pelo Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos-IPEBJ (2018).

Posts Recentes